Hospital Regional Dr. Mariano Coelho de Currais Novos (Foto do Blog de Currais Novos)
A melhoria na assistência à saúde da população
usuária dos atendimentos de urgência e emergência do Hospital Regional Mariano
Coelho (HRMC), em Currais Novos, e a correção das distorções da existência de
dupla porta de entrada da unidade voltou a ser tema de uma audiência pública
realizada na quinta-feira (24), na Câmara Municipal daquela cidade, entre a
Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap), Judiciário, Ministério Público e
gestores municipais.
O
objetivo da audiência, convocada pelo juiz Marcus Vinícius Pereira Júnior,
titular da Vara Cível de Currais Novos, foi analisar a atual situação da
unidade de saúde e buscar, com a participação da população, bem como dos
servidores da área da saúde e poderes públicos, uma melhor assistência na
região Seridó.
O
Hospital que possui uma posição estratégica no Rio Grande do Norte, dentro do
conceito de rede previsto no Sistema Único de Saúde (SUS), é considerado pela
Sesap uma das melhores unidades da rede hospitalar estadual, no se refere à
estrutura física e conservação, mas preocupa pelo descumprimento da legislação
que norteia os preceitos da universalidade e equidade, que garante assistência
à saúde gratuita para a população.
De
acordo com a promotora de Justiça, da tutela da Saúde Pública, Iara Pinheiro,
desde 1964, quando o RN iniciou uma parceria com a Fundação Padre João Maria
(entidade da Diocese de Caicó), o HRMC vem funcionando com dupla porta de
entrada, ou seja, a mesma estrutura física que recebe pacientes do SUS também
recebe o privado (convênios e particular). “Os recursos viabilizados dos
impostos pagos pela população estão servindo para custear o atendimento de quem
busca o serviço público e também o privado, trazendo prejuízos à assistência,
pois não define as responsabilidades dos entes envolvidos", disse.
Segundo
o secretário de Estado da Saúde Pública, Luiz Roberto Fonseca, estes momentos
são importantes para manutenção do estado democrático de direito, onde a
população tem acesso as informações com transparência e objetividade. “Estamos
afinando os discursos com a Fundação Padre João Maria, que é nossa parceira, e
buscando melhorias no modelo de gestão. Neste processo, é fundamental a
participação da população e do Poder Público, que tem o dever de fiscalizar as
prestações destes serviços", destacou.
Durante
a audiência pública, vários pontos foram levantados visando a melhoria do
hospital. Entre eles a necessidade imediata de convocação de mais profissionais
para a complementação das escalas, a nomeação de um diretor clínico, a garantia
de repasses financeiros dos municípios pactuados com a unidade e aquisição de
equipamentos para o melhor funcionamento do pronto socorro e das unidades de
terapia intensiva.
O
Estado repassa mensalmente para o HRMC um valor aproximado de R$ 1.605.000,00,
sendo R$ 1.200.000,00 para pagamento da folha dos profissionais estatutários,
220 mil com as Autorizações de Internação Hospitalar (AIH), 60 mil para o
funcionamento do Pronto Socorro, 25 mil para os atendimentos de média
complexidade e 100 mil para os convênios.
"Nós
entendemos que o HRMC é um hospital prioritário, assim como os hospitais de
Caicó e Pau dos Ferros. Mas, é certo que a quantidade de hospitais que o estado
possui é bem acima da sua real necessidade. Proporcionalmente, ficamos atrás
somente de Estados como São Paulo, Minas Gerais e Pernambuco. Este
superdimensionamento se torna muito oneroso para o Governo e não garante a
resolutividade que almejamos. Grande parte destes hospitais são meramente
ambulatórios e fogem do perfil de um hospital regional que deveria tratar dos
casos de urgência e emergência", disse Luiz Roberto Fonseca.
92% dos atendimentos prestados no HRMC são ambulatoriais e deveriam ser
atendidos pelos municípios
ESTATÍSTICAS - De acordo com o relatório apresentado pela Sesap,
durante a audiência, o hospital realizou de janeiro a setembro de 2013 um total
de 35.991 atendimentos, sendo que 92,5% destes (33.181) tiveram relação com
atendimentos ambulatoriais - que são de responsabilidade dos municípios - mas
continuam sendo atendidos nos hospitais regionais por deficiência das redes de
atenção básica.
Segundo
o diretor geral do HRMC, Antonio Oliveira Neto, os munícipes de Currais Novos
foram responsáveis, neste ano, por 32.253 atendimentos (89%) e o restante,
3.753 (11%), foram distribuídos entre os 47 municípios pactuados com a unidade.
"O HRMC recebe uma alta demanda de atendimentos de baixa e média
complexidade que deveriam estar sendo assistidos pelos hospitais municipais, mas
na falta destes acabam sobrecarregando as unidades estaduais que deveriam
servir somente para os casos de urgência e emergência. Além de Currais Novos,
as cidades de São Vicente, com 929 atendimentos e Lagoa Nova, com 552, foram as
que mais recorreram aos serviços do Hospital", destacou. Durante este
período foram realizados 2.547 cirurgias, uma média de 283 procedimentos
mensalmente e 905 partos.
A
unidade possui 467 funcionários, sendo 353 estatutários e os demais mantidos
pela Fundação Padre João Maria, Datanorte e por empresas terceirizadas. Ao
todo, o Hospital Regional Mariano Coelho (HRMC), conta com 132 leitos, sendo 27
de clínica médica, 28 de clínica cirúrgica, 22 de clínica obstétrica, 20 de
pediatria, 4 UTIs Adulto, 4 Unidades de Cuidados Intensivos, 4 centros
cirúrgicos, 6 salas de parto, 4 leitos de berçário e 13 leitos de urgência (4
feminino, 4 masculino e 5 pediátrico).